Penhasco


Essa é uma daquelas ocasiões nas quais retornamos à antigos interesses para saciar novas necessidades. Os sentimentos e porcarias aqui expressas não são tão originais assim; O eu lírico não vem do espaço, da Terra Média ou de uma vila sobre a montanha; O assunto? o mais comum possível. Mas vivemos num ciclo vicioso de dizer o que já foi dito, não é mesmo?
Escrevo sobre o que ocorre quando o verão chega; o momento em que as aulas acabam e os eventos raros de fim de semana tornam-se mais frequentes; quando se conhece pessoas aleatoriamente e se tem mais tempo para cultivar tais relações. A questão, porém, é como as coisas só acontecem no verão; como o amor só flui no verão; e, principalmente, como o início do ano sempre fica marcado pelas decepções dessas relações desenvolvidas no verão.
Imagino que isso ocorra com muitas outras pessoas, mas posso intitular-me uma "Musa do Verão", garanto. Já escrevi sobre isso anteriormente nesse post aqui. É que são tantas as paixões devastadoras que destroem a cada dia minhas férias. Paixões como fósforos, que se acendem com fervor e se vão em segundos. Tudo tão intenso, tão especial, tão único. Único sim. Sempre é único. Mas também semelhante, pois sempre acontece do mesmo modo, e do mesmo modo se acaba. Se vão os planos, projetos, cumplicidade. Parecia tudo tão certo, tão óbvio. Pobres mortais que sentem a dor de se apaixonar intensamente e a da solidão após o incêndio.
Mas e quando você percebe que você não está só apaixonado? O que acontece? No começo é parecido, mas depois vai tomando um rumo estranho. É mais gostoso, sabe? Ah, tudo isso não passa de um monte de bobeira! Você só tem dezoito anos, não tem maturidade para viajar sozinha, dirigir e nem mesmo votar. Pois é... E gostar de alguém é ser maduro? Pode ser muitas coisas, mas não parece sensato o ato de presentear a si mesmo com novos contatos e experiências sabendo que isso o consumirá de forma irreversível. Trágico, não?
Muitas coisas são mais trágicas do que podemos notar. Talvez aqueles que sofrem são os únicos de olhos realmente abertos. O Homem crê que o novo dia regenera, mas essa é apenas a motivação necessária para continuar. Continuar nos mesmo ciclos viciosos de amar e sofrer.
Começa com a imediata identificação. Os gostos e objetivos semelhantes e uma certa euforia interna por causa disso. Cresce tímida uma expectativa meramente emocional, que às vezes é freada por lembranças ruins. As expectativas logo se recuperam e segue o Homem de olhos fechados rumo ao penhasco. Agora, quem foi que colocou um penhasco no paraíso?

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