De volta à Ativa


Como alguns sabem, voltei à ativa. Não tanto quanto gostaria, mas o suficiente levando em consideração o tempo dedicado à escola. E caso alguém não tenha entendido o que significa esse "à ativa", refiro-me ao teatro, uma das coisas que mais gosto no mundo! Como já disse várias vezes em posts anteriores, sou uma pessoa que não tem muito tempo para fazer as coisas das quias gosta. Mas não culpo completamente o Ensino Médio, culpo também a adolescência, que me provoca cochilos violentos à tarde, a necessidade quase insana de desenhar e pintar camisetas, e a tentativa frustrada de manter esse blog (aproveito para abrir um parênteses para explicar que tenho muitos rascunhos de postagens boas mas que estão travando na hora de publicar. Mas se não fosse por isso, o blog estaria bem atualizado).

Admito que meus últimos posts não têm sido muito otimistas e confesso que este mantém a deprimida visão de sempre, mas, vejam só, este tem um ponto positivo! Quem diria, não é?! O retorno ao curso de teatro tem me mantido mais conformada e sempre ansiosíssima à espera da quinta-feira, dia de se sentir realizada. Sim, realizada. Sinto que apenas durante as aulas de teatro estou contribuindo para o meu futuro, talvez por estar segura de que o teatro fará parte dele. Não sei... É um motivo pelo qual cobro muito de mim mesma coisas como concentração, superação e desprendimento. Nas artes plásticas o desprendimento ainda é complicado, pois rasgo todo desenho que não me agrada. A questão é que essa porcentagem abrange cerca de 80% do meu sketchbook

Essa coisa de talento, dom, ou sei lá como você queira chamar, é um tanto quanto complicada. Creio que uma coisa seja o dom e outra coisa seja a facilidade, a tendência. Apesar de gostar de teatro e de desenhar, não creio que eu tenha o dom para nenhum dos dois. Isso nos remete, mais uma vez, ao meu excesso de auto-crítica, auto-cobrança e extremo perfeccionismo. Talvez exista a possibilidade de eu possuir uma certa facilidade no desenho, mas acredito que qualquer um que desenhe todos os dias e goste, tenha tal facilidade. 

Se eu seguiria artes plásticas como profissão? Taí uma questão difícil de se responder. No momento minha resposta seria: não, pois não sou boa o bastante. Mas, ao mesmo tempo, eu não gostaria nada de continuar desenhando todos os dias e não fazer nada com essa possível "facilidade". Pois é...

Mas agora é que a porca torce o rabo! E o teatro, minha gente? Esse já é um caso bem diferente. Porque? Sei lá... O motivo? Não faço a mínima ideia... Só sei que a "arte de atuar" parece-me tão distante... Distante, mas, ao mesmo tempo, não. Pode parecer bem óbvio, mas o fato do teatro ser algo bem mais prático e exigir uma entrega completa (corpo, voz, expressão, sentimento) faz dele muito mais presente, portanto mais próximo (da nossa realidade?). Porém, o paradigma do que é ser um ator de qualidade, com sentimento e tudo mais é que parece estar muito distante. Essa é uma meta inalcançável, aparentemente impossível, a qual já tirei da minha mente. Ao contrário do desenho que é aperfeiçoado com o treino, o teatro tem que vir de dentro. Dom? Não sei... Acho que não tenho dom nem facilidade com teatro. Apenas gosto e me esforço profundamente para atingir a meta dita anteriormente, mesmo nunca a alcançando. Existe dom do teatro? "Ah, aquele cara tem o dom de atuar!". Acho que não. Mas acho que um sentimento, sim.  Não é só fazer teatro pra ir pra Globo, aparecer no Faustão e ser comentado nas revistas de fofoca. Tem  que ter um "algo mais". Ou você se torna ator, ou estrela. Existe uma grande diferença. E mesmo você sabendo interiorizar e sentir o teatro, acho que nunca se chegará ao paradigma sem os treinos e exercícios teatrais. Afinal, a arte nunca está pronta, perfeita. Talvez essa seja a graça. Quando você é um artista, inevitavelmente estará sempre em mudança, em aperfeiçoamento. Interessante, não, é? Pensei nisso agora.


2 comentários :

  1. Cá estou! Eu disse que ia arrumar um tempo!
    Poxa, Bianca! Suas palavras vão tão fundo...
    Mas olha, eu acho que essa coisa de escolher o futuro e se preparar pra ele é bem complicada. Me parece que nada do que você gosta de fazer considera um dom. Eu digo que o dom é subjetivo e relativo. Como? Simples. Não há nada que não se possa ser feito com a vontade. Ela é o dom. Nunca acreditei que as pessoas nasceram pra isso ou aquilo. A profissão só faz parte da construção do eu. O sistema quer que eu faça da minha profissão o que eu sou. A gente é mais que um diploma. Isso é algo bastante sistemático até, tanto nos moldes capitalistas como socialistas. Acontece que o que é importante é fazer o que nos faz bem, o que nos deixa feliz... tem que experimentar! Até considero dizer, por exemplo, que SOU escritor, SOU artista, SOU médico é completamente errado. Porque SER é tão complexo que não cabe só nisso. E, Bianca, pra mim você já é atriz. Só por esse texto, por demonstrar tanta paixão e dedicação e por diferenciar ator de estrela... não sei você, mas eu não tenho dúvidas.
    Eu não conhecia sketchbook. Vou tratar de arrumar um pra mim e rápido!
    Obrigada pelo seu blog. Você me parece se expressar muito bem com todos os tipos de arte! Então vá fundo. Sem medo. Só vá.
    Passarei por aqui sempre que tiver um tempo. Boa semana!

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    1. Laysa, obrigada pelos comentários no blog. Sempre que você comenta algo, deparo-me com uma certa insegurança em não saber como responder à altura. Como disse anteriormente, sua opinião é sempre muito importante pra mim e costuma me incentivar positivamente em diversos aspectos. Talvez "ser" algo seja mesmo arriscado. Talvez não seja uma escolha, apenas um sentimento. Não se escolhe ser algo. Não se pode começar a ser, pois algo como a arte já se "é". Obrigada novamente, aguardo suas visitas.

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